FORMAÇÃO DAS CRENÇAS
- Dora Lacerda Soares
- 15 de out. de 2020
- 4 min de leitura
FORMAÇÃO DAS CRENÇAS
Vocês já devem ter ouvido esta estória, mas ela ilustra bem aquilo que vamos falar. Eu ouvi esta estória no primeiro dia do meu primeiro curso de auto-conhecimento.
Uma mãe ia assar um peixe. A primeira coisa que ela fez foi cortar a cabeça e o rabo do peixe, temperou, colocou em uma assadeira e pôs no forno. A filha, que estava ajudando a mãe, perguntou: por que você cortou a cabeça e o rabo do peixe? A mãe respondeu: sua avó sempre fez dessa forma, então isso é o certo. Um dia, a neta perguntou para a avó por que ela cortava a cabeça e o rabo do peixe e a avó respondeu: por que meu forno é muito pequeno e o peixe não cabe inteiro nele.
E assim é. Nós copiamos o que nossos pais fizeram porque eles são os pais, sabem tudo!
Eu tenho 3 filhos e eu os criei da mesma forma que meus pais me criaram, com muita disciplina, “eu mando e vocês obedecem”, moldei-os para se adaptarem a todas as regras da sociedade e assim serem felizes para sempre. Um dia, eu fui fazer um curso de psicologia com a maravilhosa Katia Abutara (recomendo!) e descobri que eu tinha feito tudo errado!! Se eu tivesse tido as informações que recebi durante o curso, com certeza eu teria feito muita coisa diferente. E é por isso que eu peço aos jovens pais que estão assistindo este vídeo, que tem a missão importantíssima de criar as novas gerações deste mundo, e aos avós que talvez tenham alguma influência na formação dos seus netos, que prestem atenção ao que vem a seguir.
Desde que chegamos neste mundo, os adultos nos apresentam a máscara que devemos vestir. Para os garotos, a máscara do homem forte e comedido, para as meninas a máscara da boa garota. Essa máscara vem com uma série de expectativas em relação ao seu comportamento, à sua maneira de pensar, aquilo que você tem permissão de pensar. As consequências vêm quando você resolve tirar a máscara e dizer o que realmente pensa. E aí vem a pressão para você recolocar a máscara imediatamente! A intenção dos pais é de proteger a criança, fazendo com que ela seja aceita pela sociedade. Só que isso não é explicado para a criança.
A criança, que não é boba, conclui que, se ela se mostrar curiosa, questionar os pais, tirar a máscara, ela vai perder o amor. Se eu tirar a máscara, eu não serei merecedora de amor, eu não serei uma boa pessoa. Isso significa que eu não esperarei ser amada por ninguém, porque eu não mereço amor. Nem eu deveria amar a mim mesma!
No mundo inteiro, tudo o que os filhos querem de seus pais é AFETO, ATENÇÃO E RECONHECIMENTO. Se a criança não recebe isso, ela se pergunta Por que? Por que estou sendo criticado pelos meus pais, por que não consigo cumprir com as expectativas dos meus pais?
Se a criança é duramente criticada, ela vai acreditar que não é suficientemente boa. Se ela não recebe amor e afeto, ela conclui que não é merecedora de amor. Se ela não tiver atenção e for ignorada, ela vai concluir que ela não é importante. Se isso continua acontecendo, essa “conclusão” se transforma em uma crença.
Pronto, está implantada a mais comum das crenças: eu não sou suficientemente boa, eu não sou merecedora de amor, eu não sou importante.
Eu não estou dizendo de forma alguma que as crianças não devem ser disciplinadas, que não podem ter limites bem estabelecidos, que não possam ficar de castigo ou levar broncas bem dadas. O que é necessário é que elas saibam que são amadas independente de fazerem tudo certo. O ideal é que, quando os pais tiverem que dar uma bronca, eles chamem a criança de lado e falem bem claramente que ela é muito amada pelos pais, que eles morreriam por ela, que fariam tudo pela felicidade dela, mas que mesmo assim eles têm a obrigação de educá-las para a vida em sociedade. Os pais nunca fazem isso porque nunca fizeram isso com eles. Na cabeça dos pais, é óbvio que o filho é a pessoa mais amada deste mundo, mas a criança não sabe disso. Ela não consegue concluir isso quando é criticada o tempo todo.
Para as crianças, os pais são pessoas, são representantes de todas as pessoas. A mãe são todas as mulheres, os pais são todos os homens. A criança está observando tudo. E aí vem a formação de mais uma crença bastante comum. Se os pais estão sempre se irritando com a falta de dinheiro, brigando por causa de dinheiro, a mensagem que ele4s passam para a criança é de que dinheiro é muito importante, que dinheiro é escasso, que dinheiro é difícil de ganhar. Em algum momento a criança começa a acreditar nisso. E nós já vimos antes que esse pensamento acaba criando a realidade.
A crença é uma afirmação sobre a realidade que você acredita que seja a verdade.
As crenças mais importantes são formadas nos primeiros estágios das nossas vidas, e nós as carregamos por muitos e muitos anos, até que tomemos consciência delas e façamos um trabalho árduo para desmontá-las e nos libertarmos delas. Melhor seria trabalharmos para que essas crenças tão comuns não sejam criadas em nossos filhos e netos!
Esse conteúdo se encontra no canal Gaia, aquele Netflix de expansão e transformação da consciência, e se chama “Transcendence, Recovering Your True Self” (Transcendência - Recuperando o Seu Verdadeiro Eu), S02 Ep02.
Semana que vem vamos continuar falando sobre isso e sobre Auto-Estima. Venham comigo!
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